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     01/05/2024            
 
 
    

A criação de suínos no Brasil vem merecendo cada vez mais destaque dentro do cenário agropecuário. Como toda produção, é importante não só a visão de custo/benefício, situação de mercado, mas também, a consciência de que é necessário a adoção de práticas de manejo planejadas no que se refere aos dejetos produzidos por esses animais.

Com o avanço das tecnologias, todos os setores de produção, seja ela de qualquer atividade, passaram por mudanças significativas afim de buscar e melhorar seu potencial produtivo de modo a atender às exigências do mercado globalizado. 

Em um sistema de confinamento, em que existe uma grande densidade populacional de animais, o volume de dejetos produzidos é grande perante o sistema. Um manejo incorreto desses dejetos pode comprometer todo um trabalho no que diz respeito a problemas de contaminação do solo e da água.
 
Uma das preocupações na criação intensiva de suínos corresponde à produção de dejetos, ou seja, buscar alternativas para o destino desses materiais.
 
Segundo Itaborahy (1999), os resíduos podem ser lançados nos cursos de água depois de realizado o manejo adequado de maneira a não causar qualquer problema ambiental.
 
Atualmente, a questão ambiental está em destaque nos principais noticiários do país, o que levanta cada vez mais questões de que como vai acabar tudo isso. Será preciso adotar algumas práticas para tratamento desses dejetos. A cultura do homem antigo precisa mudar, é importante nos conscientizarmos de que todo dejeto precisa de um tratamento e não simplesmente lançá-lo como um fertilizante ao solo. A moderna suinocultura e outras atividades passaram por um processo de transformação biológica, ou seja, além dos animais advindos do trabalho de melhoramento genético, a qualidade do ar, da água, conforto térmico das instalações, contribuíram e muito para aprimorar a criação das espécies.  
 
Os dejetos oriundos da suinocultura apresentam alta concentração de nutrientes que, quando não tratados corretamente, causam danos aos corpos receptores. Esses nutrientes podem ser utilizados para o desenvolvimento das plantas agindo como fertilizantes naturais após processo de mineralização no solo, mesma função encontrada para os fertilizantes químicos (Brandjes et al., 1996). É importante o equilíbrio entre as quantidades de nutrientes adsorvidas na superfície dos colóides com os nutrientes em solução do solo para que estes estejam disponíveis para as plantas (Lopes, 1989). O acúmulo de dejetos provoca situações desfavoráveis como o aumento de microrganismos, a diminuição do oxigênio na água em decorrência da eutrofização do meio (alta concentração de fósforo e nitrogênio) além da presença de fortes odores o que contribui para a proliferação de insetos, roedores causando a disseminação de doenças (De la Torre et al., 2000). Esses dejetos ou resíduos, quando não tratados adequadamente, podem provocar desequilíbrios graves ao meio ambiente (Sezerino, 2002).
 
Além da alta carga de matéria orgânica, nutrientes citadas acima, é verdadeiro também o fato da presença de gases, poeiras gerados pela suinocultura o que contribui para poluição do meio ambiente, qualidade da água e desenvolvimento de peixes e demais organismos aquáticos. De acordo com Konzen (1980), os dejetos de suínos poluem cerca de 100 vezes mais em comparação ao esgoto urbano, o que acarreta grande impacto ambiental.
 
Uma alta concentração de dejetos ao solo a partir da remoção desses resíduos das instalações pode provocar prejuízos econômicos no que se refere ao sistema de produção agrário. Por exemplo, a redução do número de espécies cultivadas dentro de um sistema agropecuário devido ao desequilíbrio químico no solo (Kabata-Pendias, 1995); a queda na produtividade de cereais causado pelo excesso de nitrogênio ocasionando o acamamento da planta (Siegenthalter et al., 1994); intoxicação de animais pelo excesso de nutrientes nas forragens, como é o caso do cobre (Siegenthalter et al., 1994); baixo valor comercial de hortaliças devido ao acúmulo de metais pesados (O´Kiely et AL., 1994). A composição dos dejetos de suínos são em decorrência das rações altamente concentradas e suplementadas com minerais como cobre e zinco que são ingeridos por esses animais (Lima et al., 1997).
 
Para o tratamento dos dejetos de suínos, têm-se o emprego das esterqueiras convencionais em que são cavadas no solo e revestidas com material impermeabilizante como argila, solocimento tendo o cuidado é claro, com os lençóis superficiais de água evitando assim, qualquer tipo de contaminação.
 
Outra forma diz respeito às lagoas anaeróbias as quais, comportam microrganismos que transformam a matéria orgânica em produtos finais mais estáveis (Medri, 1997). Lucas Jr. (1998) cita que a biodigestão anaeróbia exerce papel importante na redução de compostos poluidores além da recuperação da energia na forma de biogás juntamente com a reciclagem dos efluentes. 
 
Além das bioesterqueiras e lagoas de estabilização, podemos citar os biodigestores que correspondem a tanques fechados para ocorrência de fermentação anaeróbia dos dejetos animais. Com esse processo forma-se o biogás que é composto principalmente por metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), gás amônia (NH3), sulfeto de hidrogênio (H2S) e nitrogênio (N2). Segundo Steil (2001), a produção de biogás pode determinar o sucesso ou não do tratamento do resíduo ao qual se está trabalhando. O biogás produzido no biodigestor é limpo e seu emprego dá-se através da geração de energia para iluminação, aquecimento, refrigeração (Cenbio, 2005). Um dos principais objetivos da realização dos tratamentos consiste na redução da poluição do ambiente além da economia de energia para abastecimento de sua propriedade o que acarreta em melhora na renda dos criadores (Kuns et al., 2004).
 
Portanto, os dejetos quando tratados de forma correta apresentam-se como grande material para adubação e melhoradores em termos de fertilização dos solos. Sendo assim, as terras se enriquecem com boa cobertura vegetal, propiciando a produção com diversificação de culturas como milho, soja, amendoim, algodão, etc.
 
Artigo originalmente publicado em 09/12/2011
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
Brandjes, P.J. de, Wit, J, van der Meer, H.G. 1996. Livestockand the environment: finding a balance. Wageningen: IAC, 53p.
 
Cenbio, (2005) – Estudo sobre Biogás.
 
De la Torre, A.I., Carballo, J.M.; Roset, F.J.; Muñoz, M.J. 2000. Ecotoxicological evaluation of pig slurry. Chemosphere, 41, 1629-1635.
 
Itaborahy, C.R. 1999. Desempenho de sistemas estático e dinâmico com aguapé (Eichhornia crassipes) no tratamento de águas residuárias da suinocultura. 65 f. Tese (Doutorado em Irrigação e Drenagem) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG.
 
Kabata-Pendias, A. 1995. Agricultural problems related to excessivetrace metal contents of soils. In: Salomons, S.W.; Trader, P. Trace metals: problems ans solutions. p. 3-18.
 
Konzen, E. A. 1980. Avaliação quantitativa e qualitativa dos dejetos de suínos em crescimento e terminação, manejados em forma liquida. 56 f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Medicina Veterinária, Belo Horizonte.
 
Kuns, A., Perdomo, C.C., Oliveira, P.A.V. 2004. Biodigestores: Avanços e Retrocessos. Embrapa Suínos e Aves.
 
Lima, G.J.M.M.; Mores, N.; Sobestiansky, J.; Dallacosta, O.A.; Barioni Junior, W.; Zanotto, D.L.; Gil, L.H.V.G.; Amaral, A.L.; Coimbra, J.B.S.; Perdomo, C.C.; Paiva, D.P. 1997. Perfil da composição química de dietas de suínos em fase de creche e das características de sua produção no sul do Brasil. In: Congresso Brasileiro de Veterinários Especialistas em Suínos, Foz do Iguaçu. Anais. p.371.
 
Lopes, A.S. 1989. Manual de fertilidade do solo. São Paulo: Anda-Potafos. 153p.
 
Medri, W. 1997.  Modelagem e otimização de sistemas de lagoas de estabilização para tratamento de dejetos suínos. 206 f. Tese (Doutorado em Engenharia Ambiental) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
 
O´Kiely, P.; Carton, O.T.; Lenehan, J.J. 1994. Effect of time method and rate of slurry application to grassland growth for silage. In: Hal, J.E. Animal waste management. Rome: FAO. p.217-223.
 
Sezerino, P.H. 2002. Utilização de biofiltros com macrófitas (vertical constructed wetlands) como pós-tratamento de lagoas de estabilização aplicadas aos dejetos suínos. 2002. 123 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
 
Siegenthalter, A.; Stauffer, B.; Stadelmann, F.X.; Stauffer, R.W.; Hani, H. 1994. Excessive use of organic wastes in agriculture and Field Trial. In: Hal, J.E. Animal waste management. Rome: FAO, p.137-149.
 
Steil, L. 2001. Avaliação do uso de inóculos na biodigestão anaeróbia de resíduos de aves de postura, frangos de corte e suínos. 108f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia), - Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, Araraquara.
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jefferson
22/05/2015 - 08:23
ótimo artigo.me ajudou muito no trabalho de suinocultura.

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1 comentário

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